veja a programação da 3CPLH
FALA PLH é uma modalidade nova de apresentação na CPLH. Trata-se de uma comunicação oral individual, como são as TED TALKs®. Conheça os participantes e suas temáticas.
Mapeando o conceito herança Felicia Jennings-Winterle, Brasil em Mente (EUA)
Uma língua de herança é uma língua minoritária, um legado cultural que alguns imigrantes decidem compartilhar com seus filhos, nascidos ou não no exterior. Tal legado é intrinsicamente dependente da cultura ao qual pertence e, cada variante de uma mesma língua, carrega diferentes costumes, histórias, nichos de identidade… É uma língua-cultura.
Cultura é mais do que lendas, canções e pratos típicos de um povo. Envolve o jeito como fazemos as coisas, como sonhamos, como tratamos uns aos outros, como vemos o estrangeiro, como vemos o mundo… Faz parte também desse conceito o coletivo inconsciente que vai sendo construído sobre o povo, para o povo e pelo povo desde o descobrimento e consolidação de sua nação. Aliás, muito antes do tal “marco mágico”, o descobrimento de uma nação ou o descobrimento de si mesmo, a identidade de um povo, de uma família, de um indivíduo nada mais é do que um mosaico de todos os elementos que o cercam.
Além dos aspectos mais “visíveis”, recordáveis, quase todos materiais, há também o código genético, aquilo que nos compõe quimicamente. Um pouco do pai, um pouco da mãe, 50/50%, e dentro disso um pouco dos avós maternos e paternos. Esse material é literalmente herança, herança genética.
Mas, pode haver herança sem contar a cultural, a genética, a histórica, a linguística como um só pacote?
E se tal aspecto é inexorável, o que acontece quando, por qualquer que seja o motivo, as heranças se dividem, se silenciam, se separam, oceanos de distância? Isso importa? É sobre (tudo) isso que pretendo discutir e elaborar questões como O que herança? Que herança é essa que promovemos? Como mapeamos esse conceito? E que aspectos realmente o compõem?
Desconstruindo o Brasil Simone Torres da Costa, Lundi University (SUE)
Exausta de tantos estereótipos, um vazio enorme cresceu dentro de mim. Após anos a fio, casada com estrangeiro e criando filhos em países alheios, me dei conta da minha vulnerabilidade cultural. Valores, princípios e crenças já não paravam em pé. Mas uma voz sussurrava: ´o que exatamente carrego comigo da minha cultura de origem?´; ´será que ainda teria algum valor para meus filhos (agora criaturas do mundo)?´. Parti então para uma jornada interna de redescobrimento e me dei conta de não saber nada. Nada que explicasse a mistura do branco, preto e amarelo estampada do espelho. E agora José? Já que não era chique falar de índios e pretos, talvez os gringos me entendessem, pensei aqui com os meus botões. Sim, um olhar de fora pra dentro, mas focado nas verdades que gostaríamos de esquecer. Relembrar de massacres e escravidão doe no fundo do ego, mas é ainda verdade nua e crua. Numa história mal contada, descobri fatos e versões esclarecedoras que vão além das estórias de bandido e mocinho. Num mergulho ainda mais profundo, creio ter achado a fonte de tanta doçura e resiliência; e também de vícios e defeitos. Que os leitores brasileiros se reconheçam neste livro e que, ao fazer o caminho interno de volta, fortaleçam o senso comum valioso da nossa cultura sem ilusões. Equilibrar esta fonte de energia e fazer as pazes com este bem imaterial vai garantir que nossa cultura de herança se mantenha vida e que seja passada adiante independente de onde estivermos.
O que você tem na mala? Patricia Veridiano, "Follow your dreams, Brazil" (EUA)
Os estudos a cerca do ensino-aprendizagem de Português como Língua de Herança (PLH) vem ganhando força ao longo dos anos. Temas como o papel da família neste ensino, o papel da comunidade, entre outros, tem sido o foco de discussões por estudiosos da área ao redor do mundo. O significado da palavra “herança” é amplo e complexo. Para pesquisadores de PLH, “herança” significa o desejo de transmitir a língua e a cultura do país de origem. Sabemos que um dos papéis da família é o de oportunizar a criança uma vivência dessa língua-cultura através da leitura, da música, da culinária, da brincadeira entre outros. Mas, e a bagagem que carregamos dentro de nós? Quais são os nossos desejos, nossas expectativas, nossos sonhos? Quais são os costumes e as tradições que foram passados de geração em geração? Quais são os valores que fazem de nós aquilo que somos? Cada palavra de nossa história de vida está recheada de lembranças, de momentos vividos no passado e por isso, não encontramos em nenhum livro. Ela é única e pertence somente à família. Por isso, essa história só é possível ser contada através do diálogo. Ter um momento para dialogar com a criança poderá fortalecer o vínculo afetivo entre pais e filhos aumentando a auto-estima, a confiança, a motivação, entre outros fatores essenciais para o desenvolvimento da identidade da criança. Além disso, o diálogo é o alicerce do desenvolvimento linguístico e cultural, intrinsecamente embutido no discurso. A transmissão dos valores individuais da família pode desempenhar um papel significativo para que o desenvolvimento infantil seja completo (emocional, afetivo, linguístico e cultural). Entendemos que o português como Língua de Herança tem o propósito de transmitir a língua e a cultura brasileira e também os valores da família. Este trabalho preocupa-se, portanto, em conduzi-lo ao encontro de sua identidade brasileira e, a partir disso, provocá-lo a resgatar suas essências.
A identidade das mulheres imigrantes e suas interferências nas de seus filhos Raquel Motta, A Hora do Conto (EAU)
Ao estudar as mulheres expatriadas brasileiras vivem um grande desafio, que é estruturar uma nova identidade, que esteja presente sua nova condição de imigrante. Tal processo, estará vinculado com a maneira que ela consegue elaborar seus lutos e as tentativas de se ajustar a essas novas mudanças, tem um alto valor para o ego. Cada pessoa,devido as características individuais alcançará maior ou menor sucesso nesta reorganização,de acordo com seu estilo de apego adquirido no decorrer da vida e muitos encontrarão caminhos alternativos para dar continuidade aos laços do passado. Os autores que estudam a imigração trazem conceitos como o desenraizamento, de Simone Weil em que diz que o imigrante vive um choque onde não é mais o que era e não participa mais do que participava. Ele não é o que gostaria de ser e ainda não sabe o que vai ser, está no limbo, perdido fragmentado no meio do todo, está suspenso.É esse sentimento de angústia existencial da ordem do insuportável. Também, Bitters & Winterle trazem outro conceito da fragmentação, com a termologia flacidade cultural, para falar da perda da tenção natural e da plasticidade cultural, ao se referir a maleabilidade de poder ser moldado de diferentes formas que o leve a aculturação. Todos esses conceitos tentam explicar os comportamentos e emoções do imigrantes e as diferentes características que podem influenciar nas suas identidades culturais.
D) Escopo -Este estudo pretende, com base em questionários aplicados nas mulheres imigrantes brasileiras em Dubai compreender as características de suas identidades imigratórias e identificar se existe casualidade/ interferência com as características de identidades em desenvolvimento de seus filhos.
Projeto Cidadão Global Jacqueline Senoi, A Hora do Conto de Dubai (EAU)
A adolescência é um dos períodos mais complexos do nosso desenvolvimento. É nesta fase, de transição entre o comportamento infantil e uma postura melhor orientada para a vida adulta, que os jovens elaboram decisões que os nortearão por toda a sua vida, é o momento em que definem sua identidade e escolhem os valores que querem tomar como seus. O número de jovens que passam pela adolescência morando em outros países tem aumentado consideravelmente, e além dos dilemas naturais da idade, têm que lidar também com os conflitos relacionados à distância da família, o bilinguismo e o biculturalismo. Como é vivenciar esse contexto complexo, e muitas vezes estressante, em outro país, sem o conforto da língua e cultura maternas? Como podemos usar o PLH para maximizar essa experiência e ao mesmo tempo promover a saúde emocional e psicológica desses adolescentes? Essas e outras questões serão abordadas.
Brasileiros na mídia americana: impacto na valorização do PLH Natália Coimbra de Sá, Columbia University (EUA)
A proposta refere-se à apresentação de resultados iniciais da minha pesquisa de pós-doutorado, realizada no período de 2016 a 2017, na cidade de Nova York, como Visiting Scholar na Columbia University. Trata-se de uma análise das representações na mídia dos Estados Unidos de figuras públicas brasileiras e brasileiras-americanas atuantes no campo das artes que são consideradas como representativas atualmente no cenário internacional. Esta análise considera a importância da representatividade de artistas que possuem identidade brasileira e que se destacam na sociedade norte-americana como exemplos para os imigrantes brasileiros das gerações 1.0 e 1.5 e de segunda geração, em especial os jovens, residentes nos Estados Unidos. Por meio de alguns casos, apresenta-se a relação entre representações sociais, indústria cultural, representatividade política e a importância da valorização da cultura de origem e da autoestima dos brasileiros para que a língua portuguesa enquanto elemento constitutivo principal seja, cada vez mais, ensinada, falada e promovida entre as crianças e adolescentes. A relevância desta questão está no fato de que, na sociedade contemporânea, as redes sociais e as mídias de entretenimento influenciam a cada dia mais e com mais destaque as novas gerações. Contudo, o processo atualmente consiste em produção e/ou ressignificação de conteúdo por parte tanto dos emissores quanto dos receptores das mensagens. Dessa forma, o empoderamento das comunidades brasileiras no exterior está relacionado à necessidade de (re)conhecer o valor das suas identidades culturais transmitindo-as para as novas gerações. A metodologia da primeira etapa da pesquisa a ser apresentada na “Conferência Sobre o Ensino, Promoção e Manutenção do PLH” em 2016 consiste de uma análise quantitativa e qualitativa de matérias divulgadas pela mídia norte-americana, tanto através dos meios tradicionais quanto das redes sociais, sobre brasileiros que se destacam neste país. A partir dessa análise inicial são selecionados alguns casos a serem apresentados durante a conferência, em especial, focando nas figuras públicas que atuam na área de entretenimento como moda, TV e cinema; e destacando de que forma esses artistas podem influenciar a percepção que os jovens brasileiros (das gerações 1.0, 1.5 e 2.0) têm de si mesmos, suas origens culturais e na valorização da língua portuguesa como elemento importante para o estabelecimento das suas identidades.
A seleção de conteúdos para o ensino de aprendizes de herança
Ivian Destro Brouchowsky, Florida International University (EUA)
Há pelo mundo várias escolas comunitárias de PLH (Português como Língua de Herança) organizadas por pais e demais líderes comunitários que oferecem aulas ou encontros regulares para crianças entre 3 a 16 anos. Uma questão comum que intriga essas escolas é sobre que conteúdos um currículo de PLH pode priorizar. Em outras palavras, num universo tão grande quanto o de uma cultura, o que selecionar para ser trabalhado como nossa herança? Em se tratando especificamente de PLH, Boruchowski (2014), baseada em entrevista com professores de uma escola comunitária no sul da Flórida, observou e discutiu conceitos relacionados ao ensino de PLH, como também examinou e propôs uma estrutura curricular para o ensino de português nesse contexto específico. Em outro texto sobre o ensino de PLH, Boruchowski (2015 a) propôs diretrizes conceituais a partir das quais um currículo de PLH pode ser desenvolvido. Boruchowski (2015 b) também iniciou uma discussão sobre a seleção de conteúdos para as aulas de PLH considerando as necessidades específicas desses aprendizes. Nessa especificidade de ensino, a prática mais comum em relação à seleção de conteúdos é professores, coordenadores e diretores das escolas comunitárias organizarem os cursos de forma temática (Boruchowski, 2014; Beeman e Urow, 2013; Almeida Filho, 2008). Os temas geralmente envolvem: festas e comemorações típicas do país; o cotidiano da família; personagens, músicas e histórias do folclore; comidas típicas; e lugares. Tendo como referência os textos citados, proponho-me a discutir sobre a seleção e a organização de conteúdos para as aulas de PLH como parte integrante de um aspecto maior, o desenvolvimento curricular das escolas comunitárias de PLH. A apresentação terá como base a discussão sobre competências e conteúdos para o ensino de jovens aprendizes, como também apresentará projetos utilizados em sala de aula que refletem esses princípios pedagógicos.
A arte popular como mediadora de uma pratica educativa transformadora no ensino do PLH
Rejane de Musis, Janelas (EUA)
...Pra ver a Banda Passar Cantando Coisas de Amor
A proposta de vivências pedagógicas diversas, a partir do contexto cultural de países lusófonos nas várias realidades educativas, se mostra significativa na construção do conhecimento e da identidade cultural dos estudantes da língua portuguesa dando significado ao conteúdo linguístico trabalhado em sala de aula.
Paulo Freire (1996) destaca a importância do reconhecimento da identidade cultural tanto no ato de ensinar quanto no ato de aprender, como fator que contribui na prática educativo-crítica para o sujeito assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar (FREIRE, 1996, p. 46).
...A Marcha Alegre se espalhou na Avenida e Insistiu
Desta forma, propõe-se uma proposta pedagógica em forma de um convite aos alunos a um passeio através de elementos procedentes da arte popular, de forma que estes venham a conhecer e se deixar encantar por manifestações culturais históricas que lhes darão oportunidades para que conheçam diversas formas de expressão da língua e se reconheçam como sujeito desta história tanto quanto produtos da mesma. A música, as artes plásticas e cênicas, a literatura, jogos e brincadeiras, entre outras expressões culturais, contam e valorizam a história de um povo e contribuem para a aquisição do código linguístico e de uma identidade cultural de maneira significativa.
...E a meninada toda se assanhou pra ver a banda passar cantando coisas de amor
...Minha cidade toda se enfeitou pra ver a banda passar cantando coisas de amor
Mapeando o conceito herança Felicia Jennings-Winterle, Brasil em Mente (EUA)
Uma língua de herança é uma língua minoritária, um legado cultural que alguns imigrantes decidem compartilhar com seus filhos, nascidos ou não no exterior. Tal legado é intrinsicamente dependente da cultura ao qual pertence e, cada variante de uma mesma língua, carrega diferentes costumes, histórias, nichos de identidade… É uma língua-cultura.
Cultura é mais do que lendas, canções e pratos típicos de um povo. Envolve o jeito como fazemos as coisas, como sonhamos, como tratamos uns aos outros, como vemos o estrangeiro, como vemos o mundo… Faz parte também desse conceito o coletivo inconsciente que vai sendo construído sobre o povo, para o povo e pelo povo desde o descobrimento e consolidação de sua nação. Aliás, muito antes do tal “marco mágico”, o descobrimento de uma nação ou o descobrimento de si mesmo, a identidade de um povo, de uma família, de um indivíduo nada mais é do que um mosaico de todos os elementos que o cercam.
Além dos aspectos mais “visíveis”, recordáveis, quase todos materiais, há também o código genético, aquilo que nos compõe quimicamente. Um pouco do pai, um pouco da mãe, 50/50%, e dentro disso um pouco dos avós maternos e paternos. Esse material é literalmente herança, herança genética.
Mas, pode haver herança sem contar a cultural, a genética, a histórica, a linguística como um só pacote?
E se tal aspecto é inexorável, o que acontece quando, por qualquer que seja o motivo, as heranças se dividem, se silenciam, se separam, oceanos de distância? Isso importa? É sobre (tudo) isso que pretendo discutir e elaborar questões como O que herança? Que herança é essa que promovemos? Como mapeamos esse conceito? E que aspectos realmente o compõem?
Desconstruindo o Brasil Simone Torres da Costa, Lundi University (SUE)
Exausta de tantos estereótipos, um vazio enorme cresceu dentro de mim. Após anos a fio, casada com estrangeiro e criando filhos em países alheios, me dei conta da minha vulnerabilidade cultural. Valores, princípios e crenças já não paravam em pé. Mas uma voz sussurrava: ´o que exatamente carrego comigo da minha cultura de origem?´; ´será que ainda teria algum valor para meus filhos (agora criaturas do mundo)?´. Parti então para uma jornada interna de redescobrimento e me dei conta de não saber nada. Nada que explicasse a mistura do branco, preto e amarelo estampada do espelho. E agora José? Já que não era chique falar de índios e pretos, talvez os gringos me entendessem, pensei aqui com os meus botões. Sim, um olhar de fora pra dentro, mas focado nas verdades que gostaríamos de esquecer. Relembrar de massacres e escravidão doe no fundo do ego, mas é ainda verdade nua e crua. Numa história mal contada, descobri fatos e versões esclarecedoras que vão além das estórias de bandido e mocinho. Num mergulho ainda mais profundo, creio ter achado a fonte de tanta doçura e resiliência; e também de vícios e defeitos. Que os leitores brasileiros se reconheçam neste livro e que, ao fazer o caminho interno de volta, fortaleçam o senso comum valioso da nossa cultura sem ilusões. Equilibrar esta fonte de energia e fazer as pazes com este bem imaterial vai garantir que nossa cultura de herança se mantenha vida e que seja passada adiante independente de onde estivermos.
O que você tem na mala? Patricia Veridiano, "Follow your dreams, Brazil" (EUA)
Os estudos a cerca do ensino-aprendizagem de Português como Língua de Herança (PLH) vem ganhando força ao longo dos anos. Temas como o papel da família neste ensino, o papel da comunidade, entre outros, tem sido o foco de discussões por estudiosos da área ao redor do mundo. O significado da palavra “herança” é amplo e complexo. Para pesquisadores de PLH, “herança” significa o desejo de transmitir a língua e a cultura do país de origem. Sabemos que um dos papéis da família é o de oportunizar a criança uma vivência dessa língua-cultura através da leitura, da música, da culinária, da brincadeira entre outros. Mas, e a bagagem que carregamos dentro de nós? Quais são os nossos desejos, nossas expectativas, nossos sonhos? Quais são os costumes e as tradições que foram passados de geração em geração? Quais são os valores que fazem de nós aquilo que somos? Cada palavra de nossa história de vida está recheada de lembranças, de momentos vividos no passado e por isso, não encontramos em nenhum livro. Ela é única e pertence somente à família. Por isso, essa história só é possível ser contada através do diálogo. Ter um momento para dialogar com a criança poderá fortalecer o vínculo afetivo entre pais e filhos aumentando a auto-estima, a confiança, a motivação, entre outros fatores essenciais para o desenvolvimento da identidade da criança. Além disso, o diálogo é o alicerce do desenvolvimento linguístico e cultural, intrinsecamente embutido no discurso. A transmissão dos valores individuais da família pode desempenhar um papel significativo para que o desenvolvimento infantil seja completo (emocional, afetivo, linguístico e cultural). Entendemos que o português como Língua de Herança tem o propósito de transmitir a língua e a cultura brasileira e também os valores da família. Este trabalho preocupa-se, portanto, em conduzi-lo ao encontro de sua identidade brasileira e, a partir disso, provocá-lo a resgatar suas essências.
A identidade das mulheres imigrantes e suas interferências nas de seus filhos Raquel Motta, A Hora do Conto (EAU)
Ao estudar as mulheres expatriadas brasileiras vivem um grande desafio, que é estruturar uma nova identidade, que esteja presente sua nova condição de imigrante. Tal processo, estará vinculado com a maneira que ela consegue elaborar seus lutos e as tentativas de se ajustar a essas novas mudanças, tem um alto valor para o ego. Cada pessoa,devido as características individuais alcançará maior ou menor sucesso nesta reorganização,de acordo com seu estilo de apego adquirido no decorrer da vida e muitos encontrarão caminhos alternativos para dar continuidade aos laços do passado. Os autores que estudam a imigração trazem conceitos como o desenraizamento, de Simone Weil em que diz que o imigrante vive um choque onde não é mais o que era e não participa mais do que participava. Ele não é o que gostaria de ser e ainda não sabe o que vai ser, está no limbo, perdido fragmentado no meio do todo, está suspenso.É esse sentimento de angústia existencial da ordem do insuportável. Também, Bitters & Winterle trazem outro conceito da fragmentação, com a termologia flacidade cultural, para falar da perda da tenção natural e da plasticidade cultural, ao se referir a maleabilidade de poder ser moldado de diferentes formas que o leve a aculturação. Todos esses conceitos tentam explicar os comportamentos e emoções do imigrantes e as diferentes características que podem influenciar nas suas identidades culturais.
D) Escopo -Este estudo pretende, com base em questionários aplicados nas mulheres imigrantes brasileiras em Dubai compreender as características de suas identidades imigratórias e identificar se existe casualidade/ interferência com as características de identidades em desenvolvimento de seus filhos.
Projeto Cidadão Global Jacqueline Senoi, A Hora do Conto de Dubai (EAU)
A adolescência é um dos períodos mais complexos do nosso desenvolvimento. É nesta fase, de transição entre o comportamento infantil e uma postura melhor orientada para a vida adulta, que os jovens elaboram decisões que os nortearão por toda a sua vida, é o momento em que definem sua identidade e escolhem os valores que querem tomar como seus. O número de jovens que passam pela adolescência morando em outros países tem aumentado consideravelmente, e além dos dilemas naturais da idade, têm que lidar também com os conflitos relacionados à distância da família, o bilinguismo e o biculturalismo. Como é vivenciar esse contexto complexo, e muitas vezes estressante, em outro país, sem o conforto da língua e cultura maternas? Como podemos usar o PLH para maximizar essa experiência e ao mesmo tempo promover a saúde emocional e psicológica desses adolescentes? Essas e outras questões serão abordadas.
Brasileiros na mídia americana: impacto na valorização do PLH Natália Coimbra de Sá, Columbia University (EUA)
A proposta refere-se à apresentação de resultados iniciais da minha pesquisa de pós-doutorado, realizada no período de 2016 a 2017, na cidade de Nova York, como Visiting Scholar na Columbia University. Trata-se de uma análise das representações na mídia dos Estados Unidos de figuras públicas brasileiras e brasileiras-americanas atuantes no campo das artes que são consideradas como representativas atualmente no cenário internacional. Esta análise considera a importância da representatividade de artistas que possuem identidade brasileira e que se destacam na sociedade norte-americana como exemplos para os imigrantes brasileiros das gerações 1.0 e 1.5 e de segunda geração, em especial os jovens, residentes nos Estados Unidos. Por meio de alguns casos, apresenta-se a relação entre representações sociais, indústria cultural, representatividade política e a importância da valorização da cultura de origem e da autoestima dos brasileiros para que a língua portuguesa enquanto elemento constitutivo principal seja, cada vez mais, ensinada, falada e promovida entre as crianças e adolescentes. A relevância desta questão está no fato de que, na sociedade contemporânea, as redes sociais e as mídias de entretenimento influenciam a cada dia mais e com mais destaque as novas gerações. Contudo, o processo atualmente consiste em produção e/ou ressignificação de conteúdo por parte tanto dos emissores quanto dos receptores das mensagens. Dessa forma, o empoderamento das comunidades brasileiras no exterior está relacionado à necessidade de (re)conhecer o valor das suas identidades culturais transmitindo-as para as novas gerações. A metodologia da primeira etapa da pesquisa a ser apresentada na “Conferência Sobre o Ensino, Promoção e Manutenção do PLH” em 2016 consiste de uma análise quantitativa e qualitativa de matérias divulgadas pela mídia norte-americana, tanto através dos meios tradicionais quanto das redes sociais, sobre brasileiros que se destacam neste país. A partir dessa análise inicial são selecionados alguns casos a serem apresentados durante a conferência, em especial, focando nas figuras públicas que atuam na área de entretenimento como moda, TV e cinema; e destacando de que forma esses artistas podem influenciar a percepção que os jovens brasileiros (das gerações 1.0, 1.5 e 2.0) têm de si mesmos, suas origens culturais e na valorização da língua portuguesa como elemento importante para o estabelecimento das suas identidades.
A seleção de conteúdos para o ensino de aprendizes de herança
Ivian Destro Brouchowsky, Florida International University (EUA)
Há pelo mundo várias escolas comunitárias de PLH (Português como Língua de Herança) organizadas por pais e demais líderes comunitários que oferecem aulas ou encontros regulares para crianças entre 3 a 16 anos. Uma questão comum que intriga essas escolas é sobre que conteúdos um currículo de PLH pode priorizar. Em outras palavras, num universo tão grande quanto o de uma cultura, o que selecionar para ser trabalhado como nossa herança? Em se tratando especificamente de PLH, Boruchowski (2014), baseada em entrevista com professores de uma escola comunitária no sul da Flórida, observou e discutiu conceitos relacionados ao ensino de PLH, como também examinou e propôs uma estrutura curricular para o ensino de português nesse contexto específico. Em outro texto sobre o ensino de PLH, Boruchowski (2015 a) propôs diretrizes conceituais a partir das quais um currículo de PLH pode ser desenvolvido. Boruchowski (2015 b) também iniciou uma discussão sobre a seleção de conteúdos para as aulas de PLH considerando as necessidades específicas desses aprendizes. Nessa especificidade de ensino, a prática mais comum em relação à seleção de conteúdos é professores, coordenadores e diretores das escolas comunitárias organizarem os cursos de forma temática (Boruchowski, 2014; Beeman e Urow, 2013; Almeida Filho, 2008). Os temas geralmente envolvem: festas e comemorações típicas do país; o cotidiano da família; personagens, músicas e histórias do folclore; comidas típicas; e lugares. Tendo como referência os textos citados, proponho-me a discutir sobre a seleção e a organização de conteúdos para as aulas de PLH como parte integrante de um aspecto maior, o desenvolvimento curricular das escolas comunitárias de PLH. A apresentação terá como base a discussão sobre competências e conteúdos para o ensino de jovens aprendizes, como também apresentará projetos utilizados em sala de aula que refletem esses princípios pedagógicos.
A arte popular como mediadora de uma pratica educativa transformadora no ensino do PLH
Rejane de Musis, Janelas (EUA)
...Pra ver a Banda Passar Cantando Coisas de Amor
A proposta de vivências pedagógicas diversas, a partir do contexto cultural de países lusófonos nas várias realidades educativas, se mostra significativa na construção do conhecimento e da identidade cultural dos estudantes da língua portuguesa dando significado ao conteúdo linguístico trabalhado em sala de aula.
Paulo Freire (1996) destaca a importância do reconhecimento da identidade cultural tanto no ato de ensinar quanto no ato de aprender, como fator que contribui na prática educativo-crítica para o sujeito assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar (FREIRE, 1996, p. 46).
...A Marcha Alegre se espalhou na Avenida e Insistiu
Desta forma, propõe-se uma proposta pedagógica em forma de um convite aos alunos a um passeio através de elementos procedentes da arte popular, de forma que estes venham a conhecer e se deixar encantar por manifestações culturais históricas que lhes darão oportunidades para que conheçam diversas formas de expressão da língua e se reconheçam como sujeito desta história tanto quanto produtos da mesma. A música, as artes plásticas e cênicas, a literatura, jogos e brincadeiras, entre outras expressões culturais, contam e valorizam a história de um povo e contribuem para a aquisição do código linguístico e de uma identidade cultural de maneira significativa.
...E a meninada toda se assanhou pra ver a banda passar cantando coisas de amor
...Minha cidade toda se enfeitou pra ver a banda passar cantando coisas de amor